Germana Monte-Mór, Paulo Monteiro e Solange Pessoa – artistas que se estabeleceram na cena de arte nacional entre o início da década de 80 e 90, com ênfase na pesquisa tridimensional e pictórica, integram a coletiva De Terra e Gás. Com direção artística de Claudio Cretti, a mostra é exibida a partir de 27 de novembro na Galeria do Parque, como parte do II Ciclo expositivo da Casa de Cultura do Parque.
Os três artistas têm no desenho e na escultura a matriz de suas produções, oferecendo um diálogo poético entre formas, cores e materiais que tomam corpo com um certo esforço, revelando um embate rico entre matéria e forma. Tendendo, quase sempre, à abstração, são obras carregadas de mistério.
Influenciados por uma miríade cultural, as obras carregam a quebra da divisão entre espectador e obra, entre erudito e popular, diluindo essa inibição entre obra e espectador numa presença corpórea das obras. O uso de materiais inusitados, como asfalto, feltro, estanho, chumbo e cera, argila, cerâmica, evidencia a liberdade de experimentações e criações que possibilita uma maior subjetividade e expressividade.
O trabalho dos três artistas possui relação com o mundo e a realidade, a partir da criação de formas orgânicas e naturais. As obras de Germana possuem volume, tanto em suas produções bidimensionais, quanto em suas esculturas. Nos trabalhos de Paulo a matéria da tinta instiga sobre como foi manipulada. Já na produção de Solange há uma dubiedade sobre a definição como relevo ou escultura.
TEXTO DE APRESENTAÇÃO DE TIAGO MESQUITA
Germana Monte-Mór
Germana Monte-Mór (Rio de Janeiro|RJ, 1958) – Desenhista, gravadora, pintora e escultora. Estuda ciências sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e gravura na Escolinha de Arte do Brasil. Cursou artes plásticas na Faap, entre 1985 e 1989, e conclui, em 2002, o mestrado em poéticas visuais pela ECA/USP. Em 1989, recebe a bolsa Ateliê II da Oficina Cultural Oswald de Andrade, em São Paulo; o prêmio aquisição no 1º Prêmio Canson, do Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP, em 1989, e na Bienal Nacional de Santos, São Paulo, em 1993. Em 2004, recebe a Bolsa Vitae de Artes, da Fundação Vitae. A pesquisa de novos materiais é uma das principais características do trabalho da artista.
Paulo Monteiro
Paulo Monteiro (São Paulo|SP, 1961) – Escultor, pintor, desenhista, gravador, ilustrador estudou na Faculdade de Belas Artes de São Paulo, em 1980. Nessa época, faz também curso de gravura com Sérgio Fingermann (1953). Dois anos depois, forma, com Carlito Carvalhosa (1961), Fábio Miguez (1962), Nuno Ramos (1960) e Rodrigo Andrade (1962), o grupo Casa 7. Além de pinturas e gravuras, desenvolve trabalhos tridimensionais. Ilustra os livros Camões e os Lusíadas; e Livros de Portugal, de Beatriz Berrini, e a capa do disco Vivendo e Não Aprendendo, do Grupo Ira.
Solange Pessoa
Solange Pessoa (Ferros|MG, 1961) – Para além das claras referências vindas da observação da organicidade ou das experimentações estéticas rupestres, o que salta na obra de Solange Pessoa é a pulsão de uma vitalidade singular, que se manifesta por meio de contornos peculiares, assoprando figuras, formas e coisas em que reconhecemos o movimento primordial da gênese. Em seus trabalhos a materialização da vida assume uma profundidade radical, oferecendo uma linguagem própria de leitura e imaginação do que se encontra no mundo.