Com curadoria de Claudio Cretti, diretor artístico da Casa de Cultura do Parque, Diante do outro traz o encontro de obras de Alberto Pitta, Mônica Nador, o coletivo que Nador fundou e do qual faz parte, o JAMAC (Jardim Miriam Arte Clube), e texto da curadora e crítica Thais Rivitti. Com produções que partem de movimentos comunitários, tanto culturais quanto sociais, esses artistas têm o tecido e a serigrafia como base conectora de suas práticas. Apresentada na sala expositiva Galeria do Parque, a mostra retoma pinturas de Nador produzidas desde os anos 1990 em conversa com produção recente realizada junto ao JAMAC e pinturas de Pitta.
“Num primeiro momento, o encontro se faz no olho. Colocados face a face, os trabalhos de Nador + JAMAC e os de Pitta falam a língua da pintura. Mais especificamente, uma pintura que, ao menos em parte, se estrutura como estampa, fortemente apoiada na técnica da serigrafia, na repetição de motivos que se espalham na superfície da pintura criando ali uma área pulsante.” – trecho do texto de Thais Rivitti para a exposição Diante do outro.
A trajetória de Mônica Nador teve início com sua participação na exposição Como vai você, Geração 80?, realizada há 40 anos no Parque Lage, no Rio de Janeiro. Ao longo do tempo, Nador voltou-se para uma prática mais coletiva, envolvida socialmente, ao contribuir para o JAMAC, sem abandonar seu espaço no circuito institucional.
“Enquanto o JAMAC vem formando, ao longo dos anos, uma verdadeira coleção de estampas baseadas nas histórias de vida de seus frequentadores, Pitta coloca em seu trabalho elementos da cultura popular, os orixás, as ferramentas de cada um deles, os objetos ritualísticos, cores vibrantes, frases políticas e sociais. Ambos olham para suas produções como canais para se recontar histórias que foram deixadas de lado na narrativa oficial.” – trecho do texto de Thais Rivitti para a exposição Diante do outro.
Artista, designer e carnavalesco, Alberto Pitta resgata valores estéticos em suas estamparias afro-baianas. Utilizando símbolos, ferramentas indumentárias e adereços dos orixás como fonte de inspiração, sua produção é resultado de sua vivência nos terreiros de candomblé e envolvimento no carnaval de Salvador, onde iniciou-se há cerca de 40 anos atrás.
O JAMAC teve como ponto de partida o projeto Mônica Nador, Paredes Pinturas (1999), no qual a artista realizava pinturas murais em comunidades em conjunto com seus moradores. Desde 2004, localizado na periferia da zona sul de São Paulo, o espaço promove oficinas de stencil e serigrafia, entre outras atividades. São frutos desse projeto também as bandeiras hasteadas na fachada da Casa de Cultura do Parque, na segunda edição do projeto Dando Bandeira, criadas a partir de oficinas na Casa organizadas pelos artistas da exposição Diante do outro – Alberto Pitta, Mônica Nador + JAMAC – e em colaboração com o núcleo educativo da Casa e instituições parceiras.