O neologismo que dá título à exposição Protolivro, de Edith Derdyk, evoca a ideia de primeiro, de matriz, do livro que é anterior aos demais. E é este o ponto de partida para os estudos de Derdyk em torno do imaginário que cerca as origens do livro, manuscrito ou impresso, em seu percurso no tempo.
A mostra, que tem texto de apresentação do artista Fabio Morais, é um convite de Derdyk a uma experiência imersiva. A ideia é oferecer ao visitante a possibilidade de adentrar nas páginas de um grande livro aberto. Através do desmembramento de cada parte – capa, contracapa, orelha, miolo, folha, página, índice, costura, vinco, furo, dobra e cola –, a exposição contempla a sintaxe, a gramática, a arquitetura do livro e suas temporalidades.
“Quando alguém concebe uma obra imaterial cuja materialização é livro – um texto, por exemplo, – esse processo funde-se à cadeia de produção […]. Ao desmontar livros e arranjar seus fragmentos em mecanismos sem funcionamento livresco, Edith aciona um funcionamento fabulatório e visual, subvertendo com singularidade a padronizada cadeia de produção gráfica”, comenta Morais.
Vestígios e respiro
Protolivro é dividida em dois núcleos, denominados pela artista como Sala Escura e Sala Clara. A primeira é composta de resíduos, fragmentos e componentes que evidenciam as memórias do livro, elementos que evocam a ideia de passado.
Em contrapartida, o futuro vem com um respiro. Assim, a Sala Clara apresenta obras construídas in loco com folhas de papel em branco, linha preta, agulhas, pregos enferrujados e carvão. Em outras palavras, Edith propõe um momento de leveza, como em Pulmão (2019), instalação em que usa linhas e agulhas para criar uma espécie de escrita suspensa, aérea.
A trajetória de Edith Derdyk, em síntese, está presente sob vários ângulos na exposição Protolivro. E nada é por acaso, uma vez que a artista também é escritora, educadora e ilustradora.
Difusão cultural
Durante a exposição Protolivro, de Edith Derdyk, a Casa de Cultura do Parque promove atividades paralelas. Entre elas, uma conversa entre os artistas Edith Derdyk e Fabio Morais com o público.