Entre cachorros que são também marinheiros, paquidermes de madeira e ferro e lobisomens eclipsados, a mostra ‘Cão Elefante Lobo’ exibe três curtas metragens da artista e cineasta Janaina Wagner. Gravados durante os anos de 2018, 2019 e 2020, o conjunto de filmes questiona os limites entre animalidade e humanidade dentro de processos de domesticação social. Confira a programação:
15 de outubro: Exibições às 12h, 14h e 17h
16 de outubro: Exibição às 16h
23 de outubro: Exibição às 16h + Conversa com Janaina Wagner
Sinopses:
Cães Marinheiros (2020), 7’
Amazônia, Brasil: na confluência do rio Negro com o rio Jaú existem ruínas de uma pequena cidade chamada Airão. Fundada por missionários portugueses no ano de 1694, Airão concentrou toda a produção de borracha da região. Após um rápido e insustentável crescimento econômico, seguido da decadência do Ciclo da Borracha, a cidade faliu. Um político da época afirmou que a população estava sendo devorada por formigas. Arruinada, Airão foi abandonada.
Ventura (2018), 12’
Alguém de passagem por Nantes (França) pode encontrar pelas ruas um elefante mecânico, medindo 12 metros de altura e 8 de largura, construído de madeira e ferro. Trata-se de uma réplica não idêntica de um outro, construído em 2003 para a comemoração do centenário de morte de Júlio Verne. Mas o mundo de Verne talvez esteja distante do nosso: turistas substituíram os viajantes e aventureiros. Mais próximo do elefante de Drummond, resta agora a esse paquiderme simplório sair à procura de amigos, num mundo enfastiado, que não crê mais em bichos e duvida das coisas.
Licantropia (2019), 28’
Licantropia é um ensaio sobre a expiação da figura do lobisomem, criatura moldada como bode expiatório para dar contorno a atos cruéis perpetrados pela humanidade ao longo da história. Narrada pela lua durante o curso de uma noite, diferentes alusões do lobisomem são incorporadas por um lobo, uma mulher e um homem. Combinando ficção e documentário, o filme é composto como uma colagem de diferentes tipos de imagens: 16mm, internet, gravuras, trechos literários e testemunhos anônimos.
O lobisomem, ser híbrido, opera transitando em torno dos limites da realidade e da invenção, da mentira e da verdade, da história das estórias: é um amálgama que funde numa única imagem o humano e o animal, operando como ponte acessível para investigar processos civilizatórios de dominação através da história.
Janaina Wagner
Janaina Wagner (1989) desenvolve suas pesquisas em vídeo, desenho, fotografia e instalação. Atualmente doutoranda no Le Fresnoy-Studio national des arts contemporains, Janaina participou de diversas residências artísticas e exposições de arte e vem participando de diversos festivais nacionais e internacionais de cinema.