Escrever poesia é um ato de resistência e resiliência, mesmo diante do desgaste que estas palavras enfrentam.
A poesia contemporânea ressoa as diversas vozes por múltiplas formas de expressão e se forma em diferentes lugares: nos bares da periferia, nos slams, nos livros autopublicados, nos encontros e debates organizados pelos autores em vários cantos da cidade, além dos festivais e das festas literárias. É como se a biblioteca e a livraria tivessem se expandido porque já não bastavam para dar conta dessa rica diversidade.
Os convidados deste evento, Jarid Arraes, Ryane Leão e Rodrigo Lobo Damasceno, são representantes desse vasto panorama da poesia contemporânea. Seus estilos, suas dicções literárias e suas vigorosas “canetadas” delineiam o público que lhes interessa falar em verso e prosa.
Mas como situá-los dentro do amplo espectro da produção atual? E o que pensam eles dos poetas de outrora? Taí um bom ponto de partida para a conversa, afinal, enquanto alguns processos criativos buscam uma releitura da tradição, outros artistas conseguem escapar dos vícios da crítica, com suas manias e necessidades de categorização.
Sendo um organismo vivo em constante transformação, a poesia desafia qualquer julgamento que pretenda congelar seu movimento, correndo o risco de soar dissonante e desafinado. Os textos dos convidados deste encontro na Biblioteca da Casa de Cultura do Parque mostram que cada um, à sua maneira, conquistou um espaço relevante na cena literária com diferentes níveis de realização poética.
Com tantas vozes poeticamente ativas, é possível diagnosticar o momento atual? Talvez não. Este é um tema para ouvirmos de quem trabalha na carpintaria das palavras. Mas é fato que a poesia, antes de nomear o presente e dizer o que ele significa, aponta para um instante em que não basta mais tocar na realidade – é preciso ralar com ela. Já se ouviu de um poeta e ensaísta que “a compreensão de um fenômeno artístico não implica a aprovação irrestrita dos resultados”. E é o que vamos descobrir lendo, falando e ouvindo nossos convidados e convidadas. Antes de definir o que é o novo, vamos colocá-lo Na Roda e refletir.