Nesta edição, a artista Maria Noujaim compartilha seu processo de tradução gestual de um soneto de Michelangelo que tem surpreendente semelhança com o poema Qohélet dançado no primeiro vídeo desta série para o programa. A síntese poético-escultórica de Michelangelo é explorada pela linguagem gestual da artista. A tradução não se dá pela correspondência palavra-palavra, mas por um processo simbólico, procurando não esclarecer o poema, mas dançar sua forma. A partir de uma pesquisa que nasce no corpo, a prática de Noujaim carrega uma espacialidade própria através do uso de materiais e desenhos. A seguir, o soneto original de Michelangelo:
Chiunque nasce a morte arriva Nel fuggir del tempo; e ‘l sole niuna cosa lascia viva. Manca il dolce e quel che dole e gl'ingegni e le parole; e le nostre antiche prole al sole ombre, al vento un fummo. Come voi uomini fummo, lieti e tristi, come siete; e or siàn, come vedete, terra al sol, di vita priva. Ogni cosa a morte arriva. Già fur gli occhi nostri interi con la luce in ogni speco; or son voti, orrendi e neri, e ciò porta il tempo seco. [Michelangelo Buonarroti]