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PROGRAMAÇÃO DIGITAL | ARTES, INCÊNDIOS: O SONHO PARA DEPOIS DE AMANHÃ

Cabe ao artista revelar ao público os significados profundos dos acontecimentos? Em 2025, completamos um quarto do século XXI marcados pelo avanço da extrema direita, ameaças constantes à democracia, o agravamento das desigualdades e a intensificação do desmatamento. A liberdade de expressão passou a ser confundida  com a legitimação do racismo, enquanto convivemos com o medo e a iminência de uma terceira guerra mundial. 

Em outros momentos, a arte foi sismógrafo e também terremoto. Apontou caminhos,  voltou-se a si mesma, registrou a história e ofereceu visões de possíveis futuros. Hoje, há quem diga que cabe à cultura – no sentido lato – a tarefa de restaurar uma humanidade perdida. 

Numa breve retrospectiva de uma viagem que segue adiante, a Casa de Cultura do Parque (re)apresenta alguns dos trabalhos de artistas que buscam responder à questão proposta e corresponder a um ideal esquecido de reconciliação com o mundo. –Há vida em cada canto onde se produz e se pensa artisticamente. 

Em A necessidade da arte, Ernest Fischer escreveu:“A arte pode elevar o homem de um estado de fragmentação a um estado de ser íntegro, total. Ela capacita o homem a compreender a realidade e o ajuda não só a suportá-la como a transformá-la, aumentando a determinação de torná-la mais humana e mais hospitaleira para a humanidade. A arte, ela própria, é uma realidade social”. 

Depois que uma pesquisa revelou o cenário dos hábitos de leitura dos brasileiros, nos parece fundamental voltar a falar sobre livros. Por isso, abrimos nossa programação digital refletindo, com a simpatia e argúcia do Tiago Valente, no vídeo “Por que ler os clássicos”. Seguimos debatendo os direitos LOBTQIA+ em uma conversa potente com Thais Regina e Juliana Motter; refletimos conjuntamente sobre a sociedade da mercadoria no debate acerca da antologia de textos em “Greve Humana”, do coletivo Claire Fontaine; revisitamos a relação entre teatro e sociedade com Léo Lama e discutimos liberalismo e ética com Eduardo Giannetti da Fonseca. Entre tantas atividades especiais, também destacamos a sutileza de Desali e Rafael dos Santos Rocha em uma oficina que vai muito além de arte e reciclagem; e a exposição “Diante do outro”, de Alberto Pitta e Mônica Nador + JAMAC (Jardim Miriam Arte Clube).. O cinema de Sonia Guggisberg alertou e alarmou seus espectadores, enquanto a irreverência  e criatividade de Rafael Campos Rocha nos fez refletir sobre seus – ou nossos – heróis.  E ainda há  mais por vir. 

Em breve, teremos em nossas redes uma intervenção de slam e um pouco do que rolou presencialmente no Mês da Consciência Negra na Casa de Cultura do Parque. Encerramos esta etapa da nossa programação digital com o piano suave e intenso do Benjamim Taubkin. Porque é preciso ouvir música, apesar de tudo.

Que 2025 nos traga um ano mais fraterno e menos seduzido pelo bailado da insensatez. Afinal, mesmo o mais subjetivo dos artistas trabalha em favor da sociedade pelo simples fato de descrever sentimentos, relações e condições ainda não  narrados. Parece que o artista canaliza certos sentimentos do “eu” para um “nós”. Assim, citando mais uma vez Fischer: “Numa sociedade em decadência, a arte precisa refletir também sobre a decadência. Mas, a menos que ela queira ser infiel à sua função social, a arte precisa mostrar o mundo passível de ser mudado. E ajudar a mudá-lo”. 

Gabriel Campos
coordenador de programação
Casa de Cultura do Parque

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